O barulho dos pingos na janela denunciam que a noite foi chuvosa. Abro
os olhos, ainda pesados depois de uma noite profunda de sono. Seu braço
cai pesado sobre os meus, ainda está dormindo. Me viro para ficar de
frente a você, lentamente para não te acordar. Seu rosto está calmo,
como se nada no mundo pudesse te atingir. Passo as pontas dos meus dedos
bem devagar, seguindo os traços das têmporas até o queixo. Você dá
aquele sorriso torto e abre os olhos, duas balinhas de caramelo me
encarando.
Pegamos um temporal. Entramos em seu apartamento e ele pediu que eu esperasse. Logo voltou com duas toalhas e uma camisa. Me deu uma toalha e a camisa e me mostrou onde era o banheiro pra que eu pudesse me trocar. Sai do banheiro e ele estava no sofá com duas xícaras de chá, me entregou uma e pediu que eu sentasse ao seu lado. As luzes se apagaram. A energia havia acabado.Coloquei minha xícara na pequena mesa em frente ao sofá juntamente com a dele. Meus pés ficaram inquietos. Sacudia-os prum lado e pro outro. Sentados naquela pequena sala com a falta de luz, escutando apenas o som de nossas respirações e a sensação de outro corpo quente e molhado pela chuva. Assim que aquele silêncio começou a se tornar insuportável, senti uma de suas mãos em meu cabelo. Entrei em estado de choque. Paralisada sentia ele se aproximando e virando meu rosto para o seu lado. Vi seus olhos. profundos como o oceano, me olhando, me devorando e engolindo. Sentia pequenos espasmos pelo corpo. Ele se aproxim