Dias de chuva são convidativos para mim. Não sei se é por causa das gotas que caem freneticamente do céu compondo uma música, do rebuliço do vento nas árvores ou do cheiro da terra ao acolher a água para si. Só sei que ela me chama. Me acalma. Ao ouvi-la, meu coração cessa o seu latejar tão intenso e rápido. Ela me leva ao mais profundo mar de pensamentos felizes e ternos. Transforma qualquer dia agitado em algo mais silêncioso, quieto. Torna os beijos mais molhados e apaixonados. Faz com que um dia quente vire diversão para crianças. Um banho de chuva limpa a alma, a mente, o corpo.Trás consigo a inocência, a pureza. Dias de chuva, dias comuns, singelos.
Pegamos um temporal. Entramos em seu apartamento e ele pediu que eu esperasse. Logo voltou com duas toalhas e uma camisa. Me deu uma toalha e a camisa e me mostrou onde era o banheiro pra que eu pudesse me trocar. Sai do banheiro e ele estava no sofá com duas xícaras de chá, me entregou uma e pediu que eu sentasse ao seu lado. As luzes se apagaram. A energia havia acabado.Coloquei minha xícara na pequena mesa em frente ao sofá juntamente com a dele. Meus pés ficaram inquietos. Sacudia-os prum lado e pro outro. Sentados naquela pequena sala com a falta de luz, escutando apenas o som de nossas respirações e a sensação de outro corpo quente e molhado pela chuva. Assim que aquele silêncio começou a se tornar insuportável, senti uma de suas mãos em meu cabelo. Entrei em estado de choque. Paralisada sentia ele se aproximando e virando meu rosto para o seu lado. Vi seus olhos. profundos como o oceano, me olhando, me devorando e engolindo. Sentia pequenos espasmos pelo corpo. Ele se aproxim